quinta-feira, 6 de maio de 2010

Essas bandas.

É tempo de tormenta
E meu coração está
À flor da violeta
Que insiste em roubar
A-cor-do céu.

Te guardo o papel
De loba em pele de cordeiro
Num estranho carrossel
Quem de nós é o primeiro
A desejar que tudo pare por aqui?

Se não és outono, o que será?

domingo, 2 de maio de 2010

Pax romana.

A calçada não tem cor
O cerrado não tem flor
Que afaste a depressão.

Sentimento alicate
Só não fere quem não sabe
Apertar os parafusos.

Um soneto de verdade
Não entende a sua amada
E se finge de doente.

Haverá outra bengala
Que sustente a minha fala
Ante o peso da barriga.

Maquinário obsoleto
Mesmo livre, eu tenho medo
De perder a liberdade. Como num final de livro Seu romance preferido Faz chorar por diversão.

Pax.

sábado, 3 de abril de 2010

Pseudo.

Um ano
É o tempo que tenho
Pra construir o prelúdio
Do ano que vem.

Na interseção de contagens
Almejo uma fruta
Que não apodreça.

Na minha astronave só cabem mutantes
E os filhos de deuses extravagantes
Perpetuar cores que tenho em mim
Não é uma questão de escolha.

É vida.
Vagabunda.
Extrema.
Terrena.
Sacana.

Só passo daqui se me derem tapetes
Que alcancem os compartimentos internos
Desses que vejo, amo e compreendo
E que nunca me mostrem a porta de trás.

Porque fugir não é uma questão de escolha.

Talvez seja vida
Depende da esquina mais próxima.

Se perguta-me as horas
Quem dirá que eu não sei?
Sou filho do tempo em que os minerais
Formavam cirandas e campos eternos.

Colinas convergem naquele convento
No mais absurdo que todos os outros
Onde a eutanásia dos seus descontentos
Só passa batida em dias de chuva.

Atento,

Almir Abolante.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

Infortúnio.

As the skies are shaking, we are shaking in the air.

Ás vezes acho que quanto mais se balança, mais se chega perto da verdade.

Estou tonto.
Não de batalhas, mas de besouros.
Besouros por todo lugar.

Balançar as pernas e apagar o fogo, desses que deixam os cabelos vermelhos.

Estou em chamas.
Não de batalhas, mas de pecados.
Pecados por todas as pernas.

E agora, o que me faz pensar não tem nada haver com o que eu penso.

"Vive nos bares e cafés, dizendo a todos: 'Ele morreu porque pensou, pensou demais.'"

Um beijo a Arrigo Barnabé.
Um beijo a Caio Araújo.
Um beijo ao atirador de cuspes e escárnios em direções variadas.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Tomate Maravilha.

ame ou mate
atire tomates em toda a platéia
naquela senhora ali do outro lado
naquele menino entediado
naquele empresário cansado de tudo
naquele casal que não toca no assunto

ame ou mate
arrisque palpites sobre a vida alheia
se aquela senhora mudou de lugar
se aquele menino ja se alegrou
se aquele empresário enfim descansou
se aquele casal irá conversar

ame ou mate
jogue presentes para aqueles presentes
pra aquela senhora, um óculos novo
pra aquele menino, um velho tambor
pra aquele empresário, relógios parados
pra aquele casal, travesseiros

ame ou mate
não perca de vista aqueles que vê
ajude a senhora a se levantar
ajude o menino a se entreter
ajude o empresário a relaxar
ajude o casal e se resolver

ame ou mate
mostre a todos como se fecha cortinas
ensine a senhora a pegar um ônibus
ensine o menino a subir numa árvore
ensine o empresário a ser sincero
ensine o casal a jogar tomates.